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O instinto destrutivo é imanente ao ser humano. A História comprova que desde o surgimento do Homem sobre a face da Terra, a barbárie sempre reinou absoluta. O sangue sempre acompanhou os os desse ser que se convencionou chamar de “humano”.
A própria Bíblia registra o primeiro assassinato, perpetrado por Caim contra seu irmão Abel. A voluptuosa Salomé não mandou cortar a cabeça de João Batista, somente por capricho? O próprio rei Davi, tão sábio, não cobiçou a mulher de seu oficial Urias, mandando-o para a guerra, e na linha de frente para que fosse o primeiro a morrer?
De lá para cá, guerras foram feitas a torto e a direito, e sob quaisquer pretextos, sejam políticos, religiosos ou simplesmente caprichos.
Depois da Segunda Guerra Mundial, o mundo viveu sob a sombra da chamada “Guerra Fria”, quando Estados Unidos e União Soviética disputaram o domínio do mundo. Um não ousava atacar o outro, pois certamente ambos se utilizariam de bombas atômicas, ou de outras armas mais poderosas, e, numa terra destruída, inexistiriam vencedores. Quem poderia governar uma terra arrasada e tendo como súbitos lamentáveis restos de uma raça humana, outrora poderosa?
A cada geração, parece que o gênero humano se torna mais violento e insensível. Anos atrás, cena chocante de iraquianos pendurando pedaços de civis americanos mortos causou repulsa e desolação. Constatamos, envergonhados, o quanto ainda teremos de caminhar para nos livrar do estigma da barbárie.
Conquistamos a Lua e estamos desvendando os mistérios de Marte, mas ainda não conseguimos nos livrar da herança maligna de nossos ancestrais godos, ostrogodos, visigodos e hunos. Carregamos, latente, dentro de nós a barbárie que nos acompanha desde o alvorecer da raça humana sobre a Terra.
ROBERTO FORTES, escritor e poeta, é licenciado em Letras e autor do livro de contos “O Tucano de Ouro - Crônicas da Jureia” (2012), além de centenas de crônicas e artigos publicados na imprensa do Vale do Ribeira. E-mail: [email protected]
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