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O mundo vive refém do ódio. Inocentes são degolados ou explodidos para que terroristas ensandecidos defendam uma causa, que eles nem sabem qual é. Quando todos pareciam respirar aliviados com o fim da Guerra Fria, com a derrocada da União Soviética e com a demolição do Muro de Berlim, eis que mais se intensifica o ódio em todo o planeta.
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O filósofo alemão Nietzsche. |
É certo que a barbárie nos acompanha desde o alvorecer de nossa espécie. A maldade sempre nos foi companheira, e até mesmo entre os patriarcas da Bíblia encontramos exemplos de crueldade, sempre tendo Deus como escudo.
A história nós dá exemplos de cruentas carnificinas, muitas das quais tendo a fé como justificativa. A Inquisição ibérica teve em Torquemada seu mais temido e sinistro executor. O massacre puro e simples de inocentes tinha como desculpa a defesa da fé. Muitos, temendo arder na fogueira, entregavam vizinhos ou mesmo parentes, que eram sacrificados em holocausto em nome de um Deus, que certamente não ou nenhuma procuração a qualquer sacerdote para representá-lo nessas matanças generalizadas.
E no Brasil, onde pobres, negros, moradores de ruas, são mortos diariamente pelas ruas das grandes e pequenas cidades? O que se a com o ser humano, que está se transformando num animal cada vez mais agressivo?
Nem mesmo o vertiginoso avanço da Ciência conseguiu extirpar do âmago do homem o sentimento de ódio que ele carrega latente dentro de si. Humano, demasiado humano, poderíamos aqui evocar o filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), com o seu “Super Homem”, que alguns afirmam ter sido o modelo inspirador do nazismo.
Não creio que o autor de “Assim falava Zaratustra” teve essa intenção. E talvez aqui resida o nosso grande mal: interpretar equivocadamente conceitos ou ideias para justificarmos uma causa ou uma fé.
Vivo fosse, Nietzsche por certo estaria estupefato com nossa estupidez bestificante, ele, o grande filósofo da estupidez humana.
ROBERTO FORTES, escritor e poeta, é licenciado em Letras e autor do livro de contos “O Tucano de Ouro - Crônicas da Jureia” (2012), além de centenas de crônicas e artigos publicados na imprensa do Vale do Ribeira. E-mail: [email protected]
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